Presentear alguém querido com animais de estimação, especialmente crianças, é uma prática muito comum, onde a intenção, muitas vezes, é a melhor possível. De fato, diversos estudos comprovam que a convivência com um animal de estimação pode ser uma das experiências mais significativas na infância, contribuindo para o desenvolvimento psicológico, cognitivo e socioemocional da criança.
O contato com os animais ensina lições valiosas sobre responsabilidade, empatia e respeito pela vida. No entanto, o que muitos não consideram é o impacto a longo prazo desse “presente”.
Você sabia que cerca de 30% dos animais adotados são devolvidos em menos de um ano? Isso acontece, em grande parte, porque muitas adoções são feitas de forma impulsiva, especialmente quando se trata de filhotes.
Eles costumam ser entregues para famílias pequenas e fofas. No entanto, após 4 ou 5 meses, quando surgem as responsabilidades reais de cuidado, como lidar com as necessidades fisiológicas, questões comportamentais ou a falta da interação específica, muitos acabam sendo retornos.
É necessário entender que a adaptação de um animal exige paciência e comprometimento. E, acima de tudo, é fundamental ter a consciência de que ele não pode ser considerado um presente ou um objeto envolvido diante de desafios.
Animais e crianças: uma relação de responsabilidade
Dar um animal de presente a alguém significa oferecer um compromisso a longo prazo, que se estende por toda a vida do pet. Gatos, por exemplo, vivem em média entre 12 e 20 anos, e cães entre 10 e 15 anos. Crianças ainda não têm a maturidade ou discernimento necessário para entender que receber um pet de presente não é o mesmo que ganhar um brinquedo. Com o tempo, elas podem perder o interesse e deixar de se envolver.
Frequentemente, os pais acabam assumindo as responsabilidades, o que pode resultar, em alguns casos, no abandono ou em maus-tratos. Isso acontece por diversos motivos: falta de tempo, recursos, conhecimento ou, até mesmo, por desinteresse em atender às necessidades do animal.
Isso não significa que a criança não possa participar nos cuidados do pet, mas essa responsabilidade deve ser leve, orientada, e não imposta. Por isso, é importante conversar com as crianças sobre o compromisso que vem com a adoção de animais, para que elas compreendam que este é na verdade como um novo membro da família.
Ao invés de optar por presentear com um animal de estimação, o que pode ter sérias consequências para a vida do animal, toda a família pode se engajar em uma adoção responsável. Isso significa que todos devem participar do planejamento e do processo de adoção, garantindo que a decisão seja consciente e bem pensada.
A importância da adoção responsável
A adoção de animais é um gesto de amor e carinho que transforma a vida do animal e, ao mesmo tempo, enriquece a vida daqueles que escolhem acolhê-lo como parte da família.
Mas a adoção precisa ser responsável. Cada pet tem necessidades específicas de acordo com sua espécie e personalidade, e fará parte da sua vida por muitos anos. Não é algo que pode ser deixado de lado ou abandonado quando surgem desafios, como a chegada de um filho, mudanças na moradia ou dificuldades financeiras.
Além disso, o cuidado com um animal exige compromissos financeiros, como alimentação adequada, consultas veterinárias regulares e medicamentos quando necessários.
Por isso, antes de adotar um animal, é essencial avaliar diversos fatores. Primeiro, considere suas condições financeiras, o quanto você conseguiria disponibilizar no seu orçamento para um novo morador da casa. Pense no tempo que você está disposto a dedicar ao animal, pois ele precisará de atenção, carinho, passeios e estímulo mental diário.
Avalie também se há espaço adequado para o pet, levando em conta as necessidades específicas da espécie e do porte do animal que escolheu.
E, talvez o mais importante: esteja preparado para imprevistos e mudanças de planos ao longo do caminho. Animais de estimação exigem compromisso e adaptação em diversas fases da vida, como viagens, mudanças de residência e até mesmo novos membros na família. Adotar é um ato de amor, mas requer planejamento e responsabilidade a longo prazo.
Benefícios da adoção de animais
Se fossemos listar todos os benefícios de adotar um pet, seria possível que esse texto não tivesse fim. Só quem tem um amigo de quatro patas sabe o quão prazeroso e benéfico é. Adotar um animal de estimação é transformar a vida de um ser que, muitas vezes, sofreu abandono ou maus-tratos, mas também experimentar uma série de vantagens emocionais e práticas.
Todo animal exige responsabilidade e condições adequadas para garantir uma vida digna. Mas ao assumir esse compromisso, você ganha um companheiro fiel, que estará ao seu lado nos momentos bons e ruins, proporcionando alegria, afeto e até ajudando a reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão.
Além disso, ao adotar um animal abandonado, você contribui para reduzir a superlotação de abrigos e combater o comércio ilegal e o tráfico de animais. Essa ação também salva duas vidas: a do animal e a sua, com todo o amor e companheirismo que ele traz.
Por que adotar e não comprar?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30 milhões de animais estão abandonados no Brasil. Para se ter uma ideia, nas grandes cidades há aproximadamente um cão para cada cinco habitantes, sendo que 10% desses cães vivem nas ruas.
Diante dessa realidade, os abrigos que resgatam animais estão superlotados e carecem de recursos para continuar oferecendo espaço e proteção. A luta diária para cuidar desses animais é intensa, e os protetores de animais estão sobrecarregados, exaustos e, muitas vezes, endividados.
Essa situação compromete seriamente a capacidade de realizar novos resgates ou oferecer o suporte necessário aos animais que já estão sob sua responsabilidade.
O cenário de animais abandonados no mundo é extremamente preocupante, assim como as condições enfrentadas pelos protetores que, apesar de seus esforços incansáveis, têm sua atuação limitada por falta de apoio e recursos.
Cada vez que alguém opta por adotar ao invés de comprar, contribui diretamente para a redução do número de animais abandonados nas ruas e nos abrigos, diminuindo a pressão sobre essas instituições já sobrecarregadas. Além, é claro, de contribuir para um futuro mais digno e sustentável para esses seres indefesos e o planeta como um todo!
Criadouros Clandestinos e Maus-Tratos
A adoção de animais também combate a indústria de criação irresponsável, muitas vezes ligada a criadores clandestinos e práticas abusivas. Comprar animais fomenta esse mercado, que muitas vezes trata seres vivos como mercadorias, enquanto a adoção oferece uma segunda chance para aqueles que realmente precisam de um lar.
Os criadouros clandestinos são locais onde animais são criados de forma ilegal, sem qualquer regulamentação ou fiscalização, e com foco exclusivo no lucro. Nesses ambientes, os animais são frequentemente tratados como simples mercadorias, sem atenção às suas necessidades básicas, como alimentação adequada, cuidados veterinários ou um ambiente saudável para se desenvolverem.
As fêmeas são exploradas para reprodução contínua, muitas vezes em condições de maus-tratos severos, sem tempo de recuperação entre as gestações. Já os filhotes, por serem vendidos rapidamente, podem ser retirados da mãe antes do tempo adequado, o que afeta seu desenvolvimento físico e emocional.
Comprar animais de criadouros clandestinos, ainda que inconscientemente, ajuda a alimentar uma indústria cruel. Os animais produzidos nesses locais podem apresentar problemas de saúde graves devido às condições precárias em que são mantidos, além de desenvolverem comportamentos problemáticos pela falta de socialização e cuidados.
A adoção de animais salva vidas. Escolher adotar é um ato de compaixão, que pode transformar para sempre a vida de um animal para melhor. Portanto, não compre, adote!
Campanha “Adote um bichinho”
Se você chegou até aqui não deixe de conhecer a campanha “Adote um bichinho” que foi lançada pelo governo do Rio Grande do Sul em parceria com o GRAD Brasil, a Arcanimal e Ministério Público do RS.
O objetivo é sensibilizar e engajar a população para a adoção de animais em situações de vulnerabilidade no estado do RS, abrangendo ainda Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
São milhares de cães e gatos esperando por um lar cheio de amor e carinho. Todos estão castrados, vermifugados, vacinados e microchipados.
Através da plataforma da Arcanimal, você pode encontrar diversos animais disponíveis para adoção e escolher aquele que tocar seu coração.
Seja o heroi que esses cães e gatos tanto precisam!
Acesse aqui e adote um bichinho.
Escrito por: Rubia Rempalski – Greenbond Conservation
Revisado por: Juliana Cuoco Badari – Greenbond Conservation