Pantanal / MT - 2020

No último ano, em 2020, de acordo com dados de organizações internacionais, o planeta sofreu os maiores incêndios de impacto global já observados em quase 20 anos de monitoramento. Regiões da Austrália, Sibéria, Estados Unidos e do Brasil foram fortemente castigadas por incêndios de proporções desastrosas (BBC News, 2020). No Brasil, as regiões que mais sofreram foram as dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, regiões estas que abrigam o bioma do Pantanal, que com sua rica biodiversidade é considerada “Patrimônio Natural da Humanidade” e “Reserva da Biosfera” (UNESCO, 2000). No estado do Mato-Grosso, as regiões mais afetadas foram as margens da Rodovia Transpantaneira e no Parque Estadual Encontro das Águas, que teve cerca de 85% de sua vegetação destruída, o que corresponde a mais de 92 mil hectares, e é considerado o maior refúgio de onças Pintadas do Planeta (ICV, 2020).

O grupo atuou nos incêndios do Pantanal no ano de 2020, com 14 voluntários, entre médicos-veterinários, auxiliares veterinários, biólogos, bombeiros civis, auxiliares de campo e acadêmicos de medicina veterinária. A Operação Pantanal/MT, assim denominada, durou 43 dias, sempre com decisões alinhadas ao Sistema de Comando do Incidente, na região do Pantanal Mato-Grossense, mais especificamente as margens da Transpantaneira e pelo Rio São Lourenço e Cuiabá. A logística foi o principal fator de dificuldade encontrado pela equipe, com uma extensão de quase 150 km de estrada de terra, a Transpantaneira é a única via terrestre de acesso ao Pantanal, se encerrando nas margens do Rio Cuiabá, na região do Porto Jofre, divisa com Estado do Mato Grosso do Sul. As operações foram divididas em três equipes, com enfoque no resgate técnico, realocação, tratamento clinico e cirúrgico e assistência alimentar e hídrica dos animais sobreviventes as queimadas em pontos específicos as margens da Transpantaneira e Rio São Lourenço e Cuiabá, totalizando mais de 30.000 km rodados e mais de 1.215 km navegados. Para o acesso as regiões mais afastadas da Transpantaneira foram utilizadas aeronaves da Marinha do Brasil, para georreferenciamento de pontos de água e arremesso de alimentos, totalizando 20 toneladas de alimentos e mais de 50.000 litros de água distribuídos em corichos e mais de 86.000 litros de água distribuídos em pontos artificiais. O terreno da operação foi dividido em 4 quadrantes, sendo o 1º do PAEAS até o Hotel Mato Grosso, de responsabilidade da Força Nacional e Corpo de Bombeiros Militar do MT, o 2º do Hotel Mato Grosso até a Pousada Jaguar Ecological Reserve de responsabilidade da equipe ALPHA do GRAD, o 3º da Pousada Jaguar Ecological Reserve até o Porto Jofre de responsabilidade da equipe BRAVO do GRAD, o 4º foram as margens do Rio São Lourenço e Cuiabá assistidas pela equipe CHARLIE do GRAD, sendo o 5º quadrante as estradas vicinais que foram cobertas por equipes da AMPARA Silvestre, assim como alguns pontos dos Rios. As operações com aeronaves eram programadas junto a Marinha do Brasil, mobilizando toda equipe para maior eficiência na operação.

Foram assistidas mais de 40 espécies de aves, mamíferos e répteis. A equipe realizou monitoramento em 12 pontos com câmera trap (Fig. 10), para identificação das espécies que consumiram os alimentos e a busca de algum possível animal debilitado que exigisse resgate. Os animais resgatados foram encaminhados ao PAEAS, UFMT e Nex no Extinction.
Além das ações diretas de assistência a Fauna, a equipe promoveu 11 ações de ajuda humanitária, levando: água, alimentos, combustível e produtos de higiene pessoal a famílias ribeirinhas isoladas.